O corpo da gestante passa por uma série de alterações hormonais e imunológicas durante a gravidez. Esse processo, embora totalmente natural, acaba deixando grávidas expostas a um risco maior de complicações para várias doenças. A dengue é uma delas, o que aumenta a preocupação em períodos de epidemias e surtos como o Brasil atravessa em 2024.
Um estudo publicado em 2022 por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) concluiu que o risco de complicações da dengue em gestantes é mais de cinco vezes maior quando comparado à média da população feminina. Em geral, elas precisaram ser hospitalizadas quase três vezes mais do que pessoas não grávidas.
Com perigos aumentados, é importante entender as especificidades de um caso de dengue na gravidez, para tratar o quadro da forma mais segura para gestante e bebê. Saiba mais abaixo.
Como tratar a dengue na gravidez
Repouso e hidratação são palavras de ordem em caso de suspeita de dengue. Normalmente, os sintomas cedem em até 10 dias, com o corpo combatendo naturalmente o vírus.
Em geral, o tratamento busca aliviar incômodos como a febre, o mal-estar e as dores pelo corpo. Busque sempre orientação médica sobre quais analgésicos e antitérmicos tomar durante a gravidez.
Em qualquer cenário de suspeita de dengue, nunca utilize remédios como aspirina, ibuprofeno ou nimesulida – uma regra que vale também para pessoas que não são gestantes.
O maior perigo da dengue é a desidratação, então lembre sempre de beber água. Se houver sinal de agravamento ou prolongamento dos sintomas, procure imediatamente um serviço de saúde. Pode ser necessária uma hospitalização para monitorar a evolução do caso, especialmente na gravidez.
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Por que grávidas têm um risco maior em caso de dengue?
Ainda não se sabe exatamente o que gera um risco maior de complicações em gestantes. Acredita-se que as alterações sofridas pelo corpo durante a gravidez sejam um fator importante, mas o mecanismo por trás disso não é totalmente compreendido pela ciência.
Existe perigo para o bebê?
Em geral, a dengue não afeta o desenvolvimento do bebê, mas alguns estudos apontam para um risco maior de morte fetal, embora mais pesquisas sejam necessárias.
Também é preciso ter atenção especial no final da gravidez, já que as alterações causadas pelo vírus podem provocar hipertensão gestacional.
Um contágio nos últimos dias da gestação também pode levar à chamada dengue congênita, quando a criança nasce com a doença, que neste caso é transmitida pela mãe.
Como se proteger do mosquito durante a gestação
Evitar o acúmulo de água parada continua sendo fundamental contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Não invista em soluções caseiras como a borra de café, que não tem eficácia comprovada.
Além disso, use mosquiteiros e telas nas janelas, e confira sempre se o repelente utilizado é seguro para gestantes e segue as normas da Anvisa.
É importante lembrar que a vacinação contra a dengue ainda não está disponível para gestantes. Essa é uma contraindicação comum de imunizantes produzidos a partir do vírus vivo atenuado, como é o caso da Qdenga.
Os cuidados não valem só para a dengue: afinal, o Aedes aegypti pode carregar outras doenças que também preocupam grávidas, como o zika (associado à microcefalia em bebês) e o chikungunya.
A proteção deve continuar mesmo após a pessoa já ter superado um caso de dengue: é possível voltar a ter a doença durante a gravidez, caso a gestante seja picada por um mosquito carregando outro sorotipo do DENV, o vírus da dengue.