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Passar protetor solar causa deficiência de vitamina D?

Impacto do uso de filtro solar na produção do hormônio é mínimo, segundo estudos. Saiba o que fazer em caso de déficit

Por Larissa Beani
16 jan 2024, 12h15
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  • Com a chegada do verão, os cuidados com a pele devem ser reforçados. O uso diário de filtro solar é ainda mais imprescindível nessa época, quando os níveis de radiação ultravioleta (UV) chegam ao extremo e favorecem queimaduras, manchas, fotoenvelhecimento e câncer de pele. Tomar sol, por outro lado, é essencial à regulação do sono e do humor e à produção de vitamina D.

    Essa substância é gerada pela exposição da pele aos raios UVB — que, por sua vez, são bloqueados pelo fator de proteção solar (FPS) dos filtros. Daí a pergunta: passar protetor solar pode diminuir a produção de vitamina D?

    “Várias pesquisas apontam que, mesmo com o uso regular do produto, indivíduos conseguem manter sua produção de vitamina D normal”, afirma Aparecida Machado de Moraes, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira Dermatologia (SBD).

    Segundo estudos recentes desenvolvidos pela própria entidade e outras instituições ao redor do mundo, o impacto do filtro solar nos níveis de vitamina D é mínimo.

    Mesmo que o produto bloqueie a maior parte da radiação UVB, protegendo-nos de seus prejuízos à pele, ainda conseguimos absorver o necessário à produção de vitamina D. Isso ocorre por que a incidência de raios solares no Brasil é extremamente alta.

    Sendo um país tropical, os índices de radiação UV por aqui frequentemente superam o nível considerado tolerável. Os valores são acompanhados diariamente pela Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

    + Leia também: Por que você não deve se bronzear com sol no verão?

    “Muitas pessoas já ouviram a recomendação de tomar sol sem protetor por 15 ou 20 minutos por dia. Isso faz sentido em regiões próximas aos polos do planeta, onde a incidência é baixa — aqui, não”, esclarece Caio Lamunier, dermatologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

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    A deficiência de vitamina D pode estar associada à falta de exposição solar e a problemas de conversão e absorção do composto pelo corpo.

    “Em todo caso, se necessário, é possível fazer a suplementação da vitamina com o devido acompanhamento médico — sem jamais descuidar da pele“, assegura o endocrinologista Francisco Bandeira, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

    + Leia também: Nem muito nem pouco: o papel da vitamina D

    O que é a vitamina D

    A vitamina D é um hormônio do grupo dos secosteroides (que são derivados de esteroides). Sua produção começa na pele, após exposição aos raios UVB, e passa por outros processos de ativação no fígado e nos rins. Quando está pronta, é usada por células de várias partes do corpo.

    Seu principal papel é auxiliar a absorção de cálcio, por isso a vitamina D é muito importante para prevenir perdas e fraturas ósseas, como osteoporose e raquitismo.

    + Leia também: Europeus traçam novo limite mínimo para vitamina D. Isso vale aqui?

    Deficiência e excesso de vitamina D

    De acordo com consenso da SBEM e da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), o ideal é que a população saudável abaixo dos 60 anos tenha níveis de vitamina D superiores à 20 ng/mL.

    Já para alguns grupos de risco, é recomendado manter valores mais altos, entre 30 e 60 ng/mL. Estão incluídos nessa categoria:

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    Agora, se a deficiência de vitamina D traz um monte de problemas, o excesso também é perigoso.

    “Os riscos da vitamina D fazem uma curva em U: tanto a falta quanto o exagero são capazes de prejudicar a nossa saúde”, afirma o endocrinologista Francisco Bandeira.

    Segundo o especialista, registros acima dos 100 ng/mL estão associados a uma maior probabilidade de aumento da mobilidade óssea, que pode desencadear perdas nessas estruturas — assim como a deficiência.

    “A intoxicação por vitamina D também leva à insuficiência renal aguda, porque os níveis de cálcio sobem no sangue e se acumulam nos rins. A chamada hipercalcemia leva o indivíduo a precisar recorrer a tratamentos como a hemodiálise“, explica Bandeira.

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    Ao contrário do que alegam alguns profissionais, não há comprovação de que doses altas de vitamina D ajudem no tratamento de quaisquer doenças.

    + Leia também: O mito da carência de vitamina D

    Como suplementar vitamina D

    A suplementação de vitamina D deve ser feita com indicação médica, quando o nível do hormônio está abaixo do indicado para o seu grupo.

    É essencial que a reposição seja feita de forma oral, por comprimidos. “Versões injetáveis são clandestinas. Logo, não há regulação sobre sua qualidade. Além disso, não são biodisponíveis, ou seja, nosso corpo não absorve a vitamina nessa forma”, alerta Bandeira.

    A vitamina D também está presente em certos alimentos, principalmente em peixes gordos, mas a alimentação não consegue suprir sozinha a necessidade de consumo para tratar a deficiência.

    Para ficar atento, aos níveis da vitamina, é necessário realizar exame de sangue. Mas nem todo mundo precisa fazer isso — converse com um médico.

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