A obesidade já é considerada um problema de saúde pública no Brasil. Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, o excesso de peso atinge 53,8% da população adulta que vive nas capitais do país − um aumento de 60% em apenas dez anos. Essa realidade se deve a inúmeros fatores. Um deles é a mudança na dieta dos brasileiros, que estão deixando de consumir o tradicional padrão à base do arroz e feijão. Outro fator é o sedentarismo.
Uma das grandes consequências desse cenário é o crescimento das doenças associadas ao ganho de peso, como diabetes e hipertensão. Outro problema intimamente envolvido aqui, e também relacionado ao envelhecimento, é a chamada obesidade sarcopênica. Esse nome caracteriza o acúmulo de massa gorda e declínio de massa magra, resultando em um alto índice de gordura corporal e fraqueza muscular.
Uma revisão de 12 estudos conduzida pela Universidade Tufts, nos Estados Unidos, mostrou há pouco que a obesidade sarcopênica está diretamente ligada a doenças crônicas, como o próprio diabetes e a pressão alta, e até mesmo a maior risco de morte. Entre as suas principais causas estão o sedentarismo e a baixa ingestão de proteínas. Esse fenômeno acomete tanto homens quanto mulheres e contribui para a perda da autonomia, maior risco de quedas, redução da densidade mineral óssea e diminuição da capacidade funcional para realizar as tarefas do dia a dia.
Nesse contexto, o famoso Índice de Massa Corpórea (IMC) deixa de ser um dado tão relevante, já que não leva em conta as quantidades de gordura e músculo presentes no corpo. Portanto, indivíduos com peso corporal elevado podem não ser classificados como sarcopênicos, sendo importante uma avaliação que quantifique essa relação.
Por mais massa magra!
A perda de músculos é um processo natural do envelhecimento e acontece após os 40 anos porque a síntese de proteínas começa a ficar mais lenta no organismo. Mas isso pode ser prevenido com a adoção de exercícios de força, caso de musculação, pilates e ioga, e uma alimentação saudável com um aporte adequado de proteínas, nutriente fornecido por carnes vermelha e branca, ovos, leites e alguns vegetais, como a soja. A ingestão de proteína de qualidade é essencial para a recuperação e o desenvolvimento das fibras que compõem nossos músculos.
Além disso, é importante avaliar a qualidade nutricional dos alimentos (ou densidade nutricional). Eles devem ser ricos em micronutrientes essenciais (vitaminas e minerais) para o corpo combater os radicais livres e otimizar a síntese de proteína, ou seja, o ganho de músculos.
Com exames que identificam a quantidade de massa muscular, também é possível definir qual deve ser a ingestão de proteínas por dia e montar uma dieta equilibrada de acordo com o que o indivíduo precisa. Não há segredo: para prevenir a obesidade sarcopênica é importante cuidar da alimentação e se exercitar sempre.
* Dra. Carolina Pimentel é nutricionista com mestrado e doutorado em Ciências da Nutrição pela Universidade de São Paulo (USP), professora da Universidade Paulista (Unip) e membro do Conselho Consultivo de Nutrição da Herbalife do Brasil