Dormir é um processo tão natural que nem sempre as pessoas se preocupam com isso. Porém, todo mundo sabe que o sono é essencial para ter uma boa saúde e realizar as tarefas do cotidiano com eficiência, em casa e no ambiente corporativo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um indivíduo adulto deveria dormir em média de sete a nove horas por noite. No entanto, dados internacionais apontam que pelo menos 45% da população mundial dorme menos do que deveria. No nosso país, a Associação Brasileira do Sono estima que 73 milhões de pessoas sofrem de insônia.
Além da quantidade, a qualidade do descanso muitas vezes não é a ideal, o que tem relação com o estresse e a pressão no trabalho ou nos estudos.
E isso é um problema! Pessoas que dormem mal ou pouco têm maior propensão a desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e transtornos psíquicos. Sem falar no comprometimento das habilidades cognitivas e no ganho de peso. Sim, o sono também é questão de vida ou morte.
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Todos esses pontos chamaram a atenção da comunidade científica, do mundo corporativo e das empresas de tecnologia, que passaram a buscar formas acessíveis e não invasivas de monitorar o sono.
Através de sensores embarcados nos dispositivos vestíveis, podemos transformar medidas e informações obtidas do corpo em dados digitais e processá-los para chegar a conclusões sobre a vida do usuário. Os smartwatches têm se destacado nessa função devido à variedade de sensores acoplados e a possibilidade de monitorar o organismo ao longo do dia.
E esse acompanhamento se aplica ao sono também. Hoje relógios inteligentes são capazes de identificar as fases do sono do usuário e a quantidade de ciclos no período noturno. Em geral, o indivíduo tem de quatro a seis ciclos por noite, e cada fase tem um papel específico no repouso.
Os smartwatches captam essas informações por meio de sensores como acelerômetro e giroscópio e calculam a frequência cardíaca a partir dos sinais fisiológicos, já que, durante o descanso, os batimentos diminuem consideravelmente. Assim conseguem identificar se o usuário se mexeu muito durante a noite, se acordou ou o tempo que demorou para conseguir dormir.
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Esses dados são armazenados nos celulares, podem ser consultados a qualquer momento e gerar gráficos e relatórios que facilitam o entendimento e o acompanhamento da qualidade do sono. Alguns relógios mais recentes ainda incluem uma configuração avançada e personalizada de monitoramento e sugerem exercícios de relaxamento.
Ao monitorar o sono, o usuário pode planejar melhor a sua noite no intuito de mitigar problemas como insônia, além de ter dados estatísticos contínuos para avaliar sua saúde ao lado do médico. Quem disse que a tecnologia não ajuda a ter bons sonhos?
* Amandia Sá é doutoranda em Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e pesquisadora em Inteligência Artificial (IA) do HDL, laboratório do Sidia Instituto de Tecnologia, em Manaus