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Vale a pena substituir a carne de verdade pela versão plant-based?

Estudo indica que "carnes" e "laticínios" feitos a partir de plantas são mais saudáveis do que os produtos de origem animal, mas cabem ressalvas

Por Marcella Garcez, nutróloga*
16 ago 2022, 09h44
foto de bandeja de carne moída com símbolo de vegetal em cima
Mercado plant-based cresce no Brasil e lá fora.  (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Produtos de origem vegetal que simulam carnes e o leite e seus derivados têm se popularizado pelo mundo, sobretudo entre quem deseja reduzir ou evitar o consumo de alimentos de origem animal. Feitos à base de plantas, eles buscam replicar a experiência sensorial dos originais. E, segundo uma nova revisão de estudos, as versões plant-based são alternativas realmente mais saudáveis e sustentáveis.

Será mesmo? Antes de entrarmos nas ressalvas, vamos entender o que esse trabalho, publicado no periódico técnico Future Food, diz. De maneira geral, os autores apontam que a produção de alimentos à base de plantas requer menos terra, água e poluentes do que os alimentos de origem animal. Bom para o planeta!

Pensando na saúde em si, concluiu-se que os produtos de matriz vegetal possuem melhor perfil nutricional (especialmente nos teores de gordura, colesterol e fibras) e podem beneficiar a perda de peso, o ganho de massa e a prevenção de doenças crônicas. Outro ponto: o cultivo de plantas não colabora com a resistência aos antibióticos da mesma forma que a pecuária, e essa é outra ameaça global.

Na revisão, observou-se que 90% dos consumidores de produtos plant-based são flexitarianistas, isto é, comem carne e laticínios, mas buscam reduzir seu consumo. Então é notável como esses alimentos ganham espaço na rotina para facilitar mudanças de hábito e dieta.

+ LEIA TAMBÉM: Entenda o fenômeno plant-based

Mas cabem algumas ponderações. Os pesquisadores compararam produtos à base de plantas com aqueles de origem animal substituídos por eles. Isso não significa que sempre serão mais saudáveis.

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Alimentos ultraprocessados, mesmo plant-based, serão provavelmente piores do ponto de vista nutricional que aqueles minimamente processados de origem animal. Exemplo: um hambúrguer vegetal industrializado tende a ser menos balanceado que um filé de frango ou um bife bovino magro.

Os ultraprocessados em geral contam com percentual elevado de corantes, aromatizantes e conservantes, utilizados em vários produtos plant-based. Estão longe de ser tão equilibrados como suas matérias-primas in natura (ervilha, soja, grão-de-bico…). Assim, é preciso prestar atenção no rótulo na hora da compra ou apostar mais em preparações caseiras.

Quer uma alternativa à proteína da carne? Que tal investir mais em leguminosas, oleaginosas e sementes, que, quando combinadas a cereais como arroz e milho, nos garantem os aminoácidos essenciais ao organismo. Receitas caseiras de leite de aveia, arroz e amêndoa podem substituir o leite de vaca e demais laticínios.

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Em paralelo, a indústria está aperfeiçoando a experiência sensorial e as propriedades nutricionais das opções plant-based. Com a popularidade da categoria, é de imaginar que as inovações não vão demorar a surgir.

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* Marcella Garcez é médica nutróloga, diretora e docente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e pesquisadora do Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo

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