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4 avanços contra o câncer revelados no maior congresso da Europa

Entre centenas de apresentações, pesquisadores trouxeram novidades para o tratamento de câncer raros, como os que atingem o cérebro e o ânus

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 set 2024, 10h15
câncer
Há novas estratégias de tratamentos menos invasivos que já podem ser colocadas em prática até medicamentos e novas técnicas que ainda só prometem um ganho futuro (Foto: vecstock no Freepik/Divulgação)
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Entre os dias 13 e 17 de setembro, a cidade de Barcelona, na Espanha, sediou a última edição do congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (Esmo), que contou com a participação de 34 mil especialistas em câncer.

Médicos de todo o planeta se reuniram para discutir novos estudos que podem mudar a forma como tumores são tratados, promovendo maior qualidade e expectativa de vida para pacientes de todos os perfis.

“É um evento essencial para a atualização dos profissionais da oncologia”, afirma Thiago Jorge, oncologista e coordenador do Programa de Inovação em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “O que vemos por aqui rende semanas de reflexão sobre o que e como pode ser aplicado no nosso dia a dia e na realidade brasileira”, resume.

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É o que o médico Daniel Musse, da Oncologia D’Or, também busca em eventos internacionais. “Um dos destaques dos congressos europeus é que há uma grande preocupação com o acesso às novas drogas, sustentabilidade do sistema de saúde e o uso racional dos medicamentos”, explica.

A seguir, confira alguns destaques das mais de 300 palestras e 2 mil trabalhos submetidos e apresentados no evento.

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1. Glioblastoma: novidades contra o tumor cerebral difícil de tratar

Estudos iniciais indicam novos caminhos para tratar cânceres cerebrais, que costumam ter prognóstico ruim e baixa taxa de sobrevida.

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A biofarmacêutica alemã CureVac apresentou dados da primeira fase de estudos em humanos de uma vacina de RNA mensageiro (mRNA) contra glioblastomas multiformes, que são um tipo de malignidade que atinge o cérebro de forma bastante agressiva.

A fórmula, chamada CVGBM, não é uma vacina comum, como as de Covid-19, que busca prevenir a doença. Ela é uma imunoterapia, isto é, um medicamento que visa despertar o sistema imunológico de pessoas diagnosticadas com câncer, ajudando-o a reconhecer, reduzir e até mesmo eliminar o tumor.

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Respostas imunológicas foram observadas em 77% dos pacientes avaliados – e, desses, 84% tiveram a ação das células T ativadas, um efeito muito importante para o combate da doença.

Outra pesquisa avaliou o uso de células CAR-T, modificadas geneticamente para localizar e atacacar uma proteína que está bastante presente em alguns casos de glioblastoma recorrente, a B7H3.

A doença foi controlada em todos os sete pacientes submetidos ao tratamento experimental e os principais efeitos adversos foram febre (92%) e dor de cabeça (15%). Os estudos sobre essa técnica para a doença devem continuar.

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“Ainda que muitas etapas sejam necessárias para que esses tratamentos sejam de fato aprovados, essas são as melhores notícias que temos a respeito de avanços no manejo do glioblastoma em muitas décadas”, comemora Jorge.

2. Câncer anal 

O câncer anal é um tumor raro, doloroso e cercado de tabus. Estima-se que ele represente apenas 1 ou 2% das malignidades que surgem nas partes finais do intestino e que 90% dos casos sejam causados pelo papilomavírus humano (HPV).

“É mais comum em países de baixa e média renda, onde há pouca adesão à vacina contra o HPV, capaz de prevenir este e outros cânceres, como o de colo do útero, de pênis e de garganta”, lista Thiago Jorge, do Oswaldo Cruz.

Como outras doenças raras, atualmente há poucas opções de tratamento para a enfermidade. Pois um estudo apresentado no congresso da Esmo traz resultados que podem mudar a prática clínica.

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A terceira fase da pesquisa PODIUM-303 mostrou que o uso do imunoterápico retifanlimabe, associado à quimioterapia, aumentou a sobrevida livre de progressão da doença para 9,3 meses — contra 7,4 meses entre pacientes do braço placebo.

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Os pesquisadores observaram também uma sobrevivência média de 29 meses entre aqueles que usaram o retifanlimabe e de 23 meses nos que seguiram apenas a quimioterapia padrão.

Ao todo, 308 pacientes com casos avançados de câncer foram avaliados pela investigação. 

3. Mais opções para o câncer de mama

Com 2,3 milhões de novos diagnósticos todos os anos, o câncer de mama é o segundo mais comum em todo o mundo e um dos que mais recebem novidades no tratamento.

Durante o congresso europeu de oncologia, pesquisadores à frente da fase 2 do estudo Neo-CheckRay mostraram que a imunorradiação (combinação de imunoterapia e radiação) antes da cirurgia de remoção de tumores mamários aumenta as chances de controlar a doença.

Foram analisadas 135 mulheres com câncer de mama com receptor de estrogênio (ER) positivo e HER2 negativo, divididas em grupos que fizeram a intervenção ou receberam placebo.

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No fim da análise, 35% das voluntárias do primeiro time tiveram uma resposta imunológica contra os resíduos de tecidos cancerosos. Apenas 17,8% das que estavam no braço placebo alcançaram o mesmo marco.

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Outro destaque é o estudo DESTINYBreast-12, que ressalta a importância de anticorpos conjugados à droga (ADCs) no manejo de cânceres de mama metastáticos (cujos tumores apareceram em outras partes do corpo também).

Essa terapia é como um míssil teleguiado: um anticorpo desenhado para encontrar e se conectar a uma proteína do tumor é combinado a um remédio, que é entregue dentro da célula tumoral.

Avaliando 504 pacientes, os pesquisadores observaram que a doença se manteve controlada e que a sobrevida sem progressão da doença foi satisfatória até mesmo entre mulheres cujo câncer havia se espalhado para o cérebro também.

“Os ADCs são medicamentos que estão revolucionando o tratamento de vários tipos de câncer, trazendo benefícios inclusive para pacientes com doenças graves”, pontua Musse.

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4. Melanoma

O tipo mais agressivo de câncer de pele foi um dos primeiros a se beneficiar do desenvolvimento das imunoterapias — e até hoje novos benefícios do uso dessa abordagem são vistos em estudos clínicos.

Certas combinações de imunoterapias, quando administradas antes da cirurgia de retirada do tumor, foram associadas a uma maior sobrevida entre pacientes com melanoma localmente avançado.

Em estudo do Consórcio Internacional de Neoadjuvantes para Melanoma, 818 pessoas se voluntariaram para receber diferentes tipos de imunoterápicos contra a doença.

Foi observado que 81% dos que tomaram terapia neoadjuvante que inibem as proteínas PD-1 e LAG3, expressas pelo tumor, estavam livres da doença em um período de três anos. A porcentagem foi de 77% para aqueles que receberam anti-PD-1 e anti-CTLA-4 e de apenas 64% entre os que tomaram somente o anti-PD-1.

*A jornalista viajou a Barcelona a convite da Bayer.

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