Ontem, em São Paulo, profissionais da área de saúde puderam conhecer os resultados de uma investigação inédita – conduzida pela revista SAÚDE e pelo departamento de pesquisa da Editora Abril, em parceria com a farmacêutica Pfizer – sobre os desafios que as pessoas enfrentam para manter uma rotina saudável nos tempos atuais. Para o levantamento foram ouvidos 1 190 homens e mulheres de todas as regiões do país.
Para os entrevistados, um dos fatores cruciais para ter uma vida saudável é dormir bem – aproximadamente oito horas. O intrigante é que, apesar dessa consciência, 42% dos participantes disseram que não conseguem passar esse tempo na cama. Um problema cada vez mais comum hoje em dia. “Nos últimos 50 anos, a população mundial passou a dormir 50 minutos a menos”, informou o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia e um dos debatedores responsáveis por comentar os achados da pesquisa.
Depois de ter uma boa noite de sono, comportamentos como melhorar o desempenho mental, beber dois litros de água por dia, praticar exercícios físicos regularmente e manter uma dieta variada foram apontados como os mais importantes na equação que leva a uma rotina equilibrada. Mas olha que curioso: 50% dos indivíduos relataram que não fazem exercícios regularmente, 53% não cuidam da mente e 46% têm dificuldade de manter baixo o índice de gordura corporal. Ou seja, a população até sabe quais são os hábitos bacanas para ter qualidade de vida. Porém, parece que há dificuldade em segui-los.
Como resultado disso, 60% da amostra da pesquisa se considera acima do peso. “Hoje, é muito comum nos depararmos com quadros de obesidade e, ao mesmo tempo, de carência de nutrientes importantes”, lembrou a nutricionista Andréa Ramalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Inclusive, as gordurinhas de sobra são capazes até de interferir na capacidade de obter essas substâncias. Por exemplo: sabe aquela história de que é necessário passar 15 minutos sob o sol para tirar proveito da vitamina D? “Não é tão simples assim”, apontou Andréa. Isso porque quem é obeso precisa de mais tempo de exposição aos raios solares para ter o nutriente. Na pesquisa, vale ressaltar, 42% dos participantes – obesos ou não – afirmaram não passar nem 15 minutinhos ao sol…
Bem, com outros dados do levantamento, dá para entender porque o excesso de peso anda lado a lado com a carência de vitaminas e minerais. Entre os entrevistados, apenas 17% afirmaram comer frutas com casca todos os dias. Pelo menos duas vezes por semana, 81% deles recorrem ao fast food. Para 69%, consumir comida congelada industrializada também é algo comum – acontece duas vezes por semana. Não à toa, apenas 9% se deram notas altas em sua avaliação de quanto levam uma vida saudável.
Segundo o educador físico Antonio Herbert Lancha Junior, professor da Universidade de São Paulo, que também participou do debate, apesar dos dados, a falha não está nessas pessoas. Para que elas vivam melhor, os profissionais de saúde precisam entender como incentivá-las nesse sentido. Por exemplo: é necessário construir uma relação com elas, conversando de maneira mais direta e simples. “Também temos que trabalhar com metas alcançáveis”, comentou. Ora, se um indivíduo é sedentário, não adianta instigá-lo a ir à academia cinco vezes por semana logo de cara. Na verdade, mudanças muito bruscas no dia a dia (e isso vale para a dieta, o hábito de fumar, o tal do sono…) podem até levar à desistência no meio do caminho. Só com estratégias realistas – e que envolvam uma abordagem conjunta dos profissionais de saúde – será possível driblar esse cenário tão propício ao desenvolvimento de diversas doenças.
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