Originário de terras brasileiras, o maracujá ficou conhecido lá fora como o “fruto da paixão” (em inglês, o nome é literalmente passion fruit). Não significa que seja afrodisíaco, longe disso.
A alcunha se deu porque jesuítas identificaram na flor do maracujazeiro alguns símbolos que remetem à Paixão de Cristo, ou seja, as últimas horas de Jesus antes da crucificação. Os religiosos associaram o formato à coroa de espinhos e outras estruturas com os cravos usados para pregá-lo na cruz e com os chicotes do martírio.
Inclusive o nome científico do gênero deriva dessas observações: Passiflora. Para os tupis, que sempre tiveram o fruto por perto, o maracujá é moro cuya ou simplesmente “alimento na cuia”. De fato, basta abrir, pegar a colher e saborear.
Dependendo da variedade, dá para apreciar a polpa à moda indígena, dentro da casca mesmo e sem nenhum acompanhamento. É o caso do maracujá-doce (Passiflora alata), com seu sabor suave.
Já o tipo mais popular em nosso país, o Passiflora edulis, ou maracujá-azedo, costuma ser bem ácido e poucos corajosos experimentam consumi-lo na versão in natura. Um pouquinho de açúcar, mel ou outro incremento doce, pode cair bem.
Tem também o maracujá-da-caatinga, espécie nordestina de casca verde. Embora mais raro, tem despertado o interesse de chefs e culinaristas pelo gosto acentuado.
Claro que não para por aí. Estima-se que existam centenas de tipos de maracujás. Há desde os grandes, com casca amarela e polpa brilhante, até os pequenos, meio esverdeados e de conteúdo esbranquiçado.
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Nutrientes na cuia
Em comum, todos apresentam uma boa quantidade de fibras, ingrediente que trabalha em prol do funcionamento do intestino e do equilíbrio dos níveis de glicose no sangue.
Inclusive, não faz tanto tempo, a farinha feita de maracujá foi bastante badalada. Era considerada uma verdadeira panaceia, mas não existe consenso científico sobre as virtudes e a indicação do produto. Lembrando que exagerar nas fibras pode até causar certos desconfortos.
Na dúvida, o melhor mesmo é optar pelo alimento. Até porque degustar a fruta, além de ser uma delícia, traz todos os compostos atuando em sinergia. Me refiro a vitamina C, sais minerais como o magnésio e o fósforo, além de substâncias conhecidas como carotenoides, boas para uma infinidade de coisas, incluindo a visão.
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Sucesso na cozinha e no jardim
Pela riqueza de sabores, aromas e beleza visual, o maracujá se destaca na culinária. Adorna desde um simples bolo, todo pintadinho de sementes, até composições sofisticadas da alta gastronomia.
Em forma de molho, combina com peixes delicados e carnes mais pesadas como pato e pernil. Faz bonito nas sobremesas, especialmente em mousses, cremes e sorvetes, só para mencionar as mais tradicionais. E traz seu frescor para sucos, iogurtes, vitaminas e drinques.
Não bastasse tantos atributos na cozinha, a planta tem apelo ornamental e há quem a cultive em caramanchões. O maracujazeiro enfeita o jardim, faz sombra e seu perfume atrai beija-flores e borboletas. Aliás, existe um tipo de abelha, a mamangava, que é fundamental para a polinização do vegetal.
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Efeito calmante
Hoje não se fala do maracujá sem mencionar suas propriedades calmantes. Só que as substâncias por trás desse efeito, sobretudo a passiflorina, concentram-se mais nas folhas.
Tanto que a indústria farmacêutica utiliza essa parte da planta para produzir medicamentos fitoterápicos. É dali também que saem antioxidantes usados em cosméticos pela atuação regenerativa.
Mas a polpa também oferece um pouquinho desses compostos. Especialistas explicam que, para as pessoas mais sensíveis, um copo de suco pode trazer um leve efeito tranquilizante. Mas não cura insônia nem ansiedade.
Aliás, esse efeito é destacado na divertida canção Suco de Maracujá, de Martinho da Vila.